Cinco de sete membros foram presos nesta quarta por suspeita de fraude.
Outro conselheiro, Jonas Lopes, também é investigado e autor da delação que dá
base à operação.
Por
RJTV
Aloysio Neves, presidente do
TCE-RJ, na chegada à PF nesta quarta (Foto: Bruno Albernaz / G1)
Cinco dos sete conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE)
foram presos na Operação Quinto do Ouro, deflagrada nesta quarta-feira (29). A
investigação tem como base a delação de um sexto membro do tribunal, Jonas
Lopes, que já foi presidente do TCE-RJ e está de licença – tirou dois meses de
férias e depois entrou em licença especial por mais três meses, desde seis de
março.
Apesar de
investigado, Lopes não é alvo de mandado de prisão. Também não foi pedida a
prisão da corregedora Marianna Montebello Willeman. O ex-conselheiro Aluísio
Gama de Souza foi o sexto preso na operação.
Veja abaixo quem são os conselheiros investigados:
Do topo, da esquerda para a
direita: Domingos Brazão, Aloysio Neves, Marco Antônio Alencar, José Maurício
Nolasco e José Gomes Graciosa (Foto: TCE-RJ)
Aloysio
Neves
Aloysio Neves é
o atual presidente do Tribunal, advogado e jornalista e tem 70 anos. Foi
vice-presidente do TCE nos dois últimos anos e, em janeiro, assumiu a função
com o afastamento de Jonas Lopes.
Aloysio
trabalhou mais de 20 anos nos gabinetes de três governadores e foi secretário
geral do Conselho Estadual de Turismo.
Em 1990, foi
requisitado pela Alerj como assessor técnico do ex-governador Sérgio Cabral, na
época deputado estadual e também ocupou o cargo de chefe de gabinete da
presidência da Alerj nas gestões do ex-governador, entre 1995 e 2003, e do
deputado Jorge Picciani, entre 2003 e 2010, quando então foi eleito conselheiro
do Tribunal.
Aloysio, o segundo em cima da
direita para esquerda, durante viagem de Cabral a Europa (Foto: Reprodução/TV
Globo)
Aloysio também
aparece numa foto na famosa viagem a Paris de Sérgio Cabral. Na imagem de 2009,
ele aparece ao lado de Fernando Cavendish, dono da construtora Delta, e do
então secretário estadual de Saúde Sérgio Côrtes. Na ocasião, o ex-governador
foi questionado se misturava interesses públicos com o de aliados empresários.
As imagens foram divulgadas em 2012 pelo também ex-governador Anthony
Garotinho, adversário político de Cabral.
Deputado Domingos Brazão (Foto:
Reprodução/TV Globo)
Domingos
Brazão
O
vice-presidente do TCE, Domingos Brazão, foi nomeado conselheiro do Tribunal de
Contas pelo governador Luiz Fernando Pezão em abril de 2015. Exerceu mandato de
vereador por dois anos, entre 1997 e 1999, quando ganhou a eleição de deputado
estadual.
Na assembleia,
presidiu várias comissões permanentes, como a de constituição e justiça, de
obras públicas e saneamento ambiental. Em 2015, foi nomeado para o TCE.
Alvo de mandado de prisão,
conselheiro do TCE José Gomes Graciosa chega à sede da Polícia Federal (Foto:
Bruno Albernaz/G1)
José Gomes
Graciosa
O conselheiro
José Gomes Graciosa é outro que teve prisão preventiva decretada. Ele foi
presidente do TCE entre 2001 e 2006. Começou a vida pública em 1976, quando foi
eleito vereador em Valença, no Sul do Estado. Ficou na Câmara do Município até
1982, ano em que foi eleito prefeito da cidade, que governou até 1988. Dois
anos depois foi eleito deputado estadual, reeleito em 1994. E, em 1997, assumiu
o cargo de conselheiro do Tribunal.
Marco Antônio Alencar em 2014,
durante o velório do pai, Marcello Alencar, ex-prefeito do Rio e governador do
estado (Foto: Mariucha Machado/ G1)
Marco
Antônio Alencar
O conselheiro
Marco Antônio Barbosa de Alencar, filho do ex-governador Marcello Alencar, foi
eleito para o Tribunal de Contas em outubro de 1997. Assumiu a vice-presidência
do Tribunal entre 2001 e 2006. Marco Antônio Alencar ocupou diversos cargos
públicos municipais e estaduais, entre eles o de secretário-chefe do gabinete
civil quando o pai era governador do estado.Marco Antônio Alencar foi o
deputado estadual mais votado em 1990 e foi reeleito em 1994.
José
Maurício de Lima Nolasco
O quinto
conselheiro que teve a prisão preventiva decretada é José Maurício de Lima
Nolasco, eleito para o TCE em 1998. Ele presidiu o Tribunal por dois mandados,
de 2007 a 2010. Entre 1995 e 1998, presidiu a Cedae.
No ano passado,
José Maurício Nolasco foi citado na Operação Descontrole, um braço da operação
Lava Jato no Rio. Executivos da construtora Andrade Gutierrez relataram que o
ex-secretário de governo de Sérgio Cabral, Wilson Carlos, exigiu o pagamento de
1% do valor da obra do Maracanã. A propina seria para que o Tribunal de Contas
do Estado não criasse problemas. O dinheiro seria para o então presidente do
TCE, identificado como Nolasco.
Jonas
Lopes
Jonas Lopes fez
o acordo de colaboração premiada após ser citado nas delações de executivos das
empreiteiras Andrade Gutierrez e Odebrecht, que o apontaram como cobrador de
propinas equivalentes a 1% do valor dos contratos de obras e concessões
públicas no estado, em troca de não incomodar as empresas.
Ainda segundo os
executivos, existia uma "caixinha" de propinas dentro do TCE durante
o governo de Sérgio Cabral (PMDB).
Além da cobrança
de propinas, os conselheiros são investigados também por receberem valores
indevidos por contratos do estado com a Fetranspor e por permitirem que o
goveno estadual usasse um fundo do próprio TCE para pagar empresas de
alimentação.
Em dezembro
passado, Jonas Lopes foi levado à depor na PF na Operação Descontrole, que
investiga crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro que teriam sido
praticados pelo ex-presidente do TCE-RJ e pessoas vinculadas a ele.
De acordo com a
delação premiada de Leandro Azevedo, ex-diretor da Odebrecht no Rio, Lopes
pediu dinheiro para aprovar o edital de concessão do estádio do Maracanã e o
relatório de contas da Linha 4 do metrô do Rio.
Em nota, a
defesa de Jonas Lopes de Carvalho Júnior e Jonas Lopes de Carvalho Neto
informou, por meio de nota, que os termos do acordo estão sob sigilo e não podem
ser comentados. No texto, os advogados Gustavo Teixeira e Rafael Kullmann
reafirmaram a "postura de colaboração e elucidação de todos os fatos
envolvidos nas investigações".
O G1 ainda tenta contato com as defesas dos outros
conselheiros.
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